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jun
Associação Endomulheres Baixada Santista
A Baixada Santista conta com mais de 50 mil mulheres atingidas pela endometriose, segundo estudos do Núcleo Santista de Endometriose da Baixada Santista. O dado é alarmante, como afirma Flávia Marcelino, presidente e cofundadora da Associação EndoMulheres Baixada Santista. “Estima-se que uma em cada 10 mulheres em idade reprodutiva tem a doença. Mas estes dados podem estar subnotificados na região”, afirma.
Ela explica: “a endometriose é, em muitos casos, uma silenciosa e seu diagnóstico pode demorar de oito a 10 anos. Isso significa que muitas mulheres podem ter, sofrer com os sintomas e não saber exatamente do que se trata, tampouco como se trata”. A doença pode apresentar, entre outros sinais, cólica menstrual progressiva; dor durante a relação sexual; dor e sangramento ao urinar e ao evacuar; inchaço; náuseas e vômitos; constipação e diarréia. Além disso, estima-se que 50% das mulheres com endometriose apresentem problemas de infertilidade.
De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde) o Brasil conta com oito milhões de mulheres com endometriose. A doença, que atinge mulheres com idades entre 15 e 45 anos, tem caráter crônico e ainda não possui causas definidas. “É um problema de saúde que vem crescendo em números de casos na população feminina, sendo classificada pela medicina como a doença da mulher moderna”, revela Romilda Gadi, cofundadora da Endomulheres BS.
Segundo ela, o diagnóstico tardio pode ser extremamente prejudicial à vida da mulher. “Hoje discute-se bem mais sobre a doença do que há alguns, ainda assim, muitas mulheres não sabem nada sobre o assunto. Na Baixada Santista a falta de informação parede ser ainda maior”, diz.
Para combater a desinformação, apoiar e acolher outras mulheres portadoras de endometriose, Flávia e Romilda se juntaram para criar, em setembro de 2016, o grupo EndoMulheres. Logo conquistaram o apoio dos médicos especialistas Dr. Guilherme Karam e Dr. Fábio Ramajo, membros do Núcleo Santista de Endometriose.
Com reuniões trimestrais, o grupo foi crescendo. Além das mulheres, passaram a frequentar as reuniões seus cônjuges, namorados e demais parentes próximos. Com uma pauta de luta em mãos e um forte trabalho de divulgação e conscientização sobre o tema, o Endomulheres passou a buscar apoio da iniciativa privada, de entidades não governamentais, coletivos femininos e poder público para fortalecer a causa.
Com grupos e páginas nas principais redes sociais, as participantes lutavam para que a Baixada Santista tivesse um hospital mantido pelo SUS (Sistema Único de Saúde), preparado para operar as portadoras de endometriose. Fábio Ferraz, secretário de Saúde de Santos anunciou, em março de 2019, que por meio de convênio com o Estado de São Paulo a cidade teria o primeiro centro de referência para tratamento de endometriose da região, com previsão para funcionar no Hospital dos Estivadores.
Outra conquista do grupo foi a realização do 1º Seminário sobre Endometriose da Baixada Santista, que aconteceu em 07 de novembro de 2018, com a parceria da vereadora santista Audrey Kleys. Em 2019 as EndoMulheres, como são chamadas as integrantes do grupo, foram escolhidas por Caroline Salazar, capitã EndoMarcha Time Brasil, para representar a Marcha Mundial na Baixada Santista. O evento, que aconteceu em Santos pela primeira vez, foi um dos 20 realizados no País e reuniu mais de 300 pessoas nas ruas do município, dando visibilidade à causa.
Com o aumento de participantes nos eventos e com novos desafios surgindo, o grupo deu um novo passo e fundou, em 29 de julho de 2019, a Associação EndoMulheres Baixada Santista. A entidade, que se tornou referência na região, também passou a representar as portadoras da doença no Vale do Ribeira e aumentou sua participação em ações sociais, culturais e educacionais em prol do fortalecimento destas mulheres e seus familiares.
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