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abr
Dupla se une para confeccionar máscaras de tecido para população em vulnerabilidade social
Na segunda semana de abril, Rosa do Vale – que há mais de 40 anos atua em causas sociais em Praia Grande, litoral de São Paulo, começou a cortar máscaras de tecido em sua casa. O incômodo com a falta de proteção da população mais carente diante do novo coronavírus, fez com que esta mulher de 61 anos deixasse a proteção do seu lar e partisse com os cortes para a antiga sede da Ong Projeto Formigueiro, no Jardim Samambaia.
No local, que ainda hoje serve para a realização de atividades de inclusão social por meio da geração de renda e educação, Rosa começou a costurar e convidou a amiga Fortunata Cauzzo Vagli, 60, para se juntar a ela nesta empreitada. Três dias depois, as duas resolveram mudar temporariamente para lá, a fim de se dedicar melhor à produção das máscaras.
Nos primeiros três dias, Rosa cortou sozinha mais de 400 máscaras. “Fiz isso porque, naquele início de pandemia, estava muito apavorada e queria que todo mundo tivesse o acessório para se proteger de alguma forma. Então comecei a produzir para doar”, revela.
Juntas, as amigas descobriram um propósito que lhes tirou da solidão, nestes tempos de pandemia. “Aqui, produzindo, encontramos equilíbrio mental e alegria. Acredito que esta era a missão de Deus para nós”, disse Fortunata.
Assim que se instalaram na antiga sede da Ong, que tem todas as ferramentas necessárias para a produção das máscaras, começaram o trabalho conjunto. Enquanto uma fazia a montagem do acessório, a outra costurava. Dia 12, domingo de Páscoa, as duas já tinham costurado 500 e distribuído 300. Todas as máscaras feitas em tecido 100% algodão, já esterelizadas.
“A partir do momento que nos instalamos aqui, para juntas fazer o isolamento social focadas nesta causa, de certa forma esquecemos o mundo lá fora. Trabalhamos no domingo, sem lembrar que era Páscoa. Ficamos longe da família, pensando exclusivamente nesta missão”, disse Fortunata.
Logo perceberam que tanta atividade tinha um preço. Notaram que não daria para ficar ali sem ajudar nas contas de energia, já que o uso da máquina de costura e do ferro estavam à todo vapor. Também perceberam que o material que tinham era escasso e que logo precisariam de mais.
Então criaram um plano de ação. As máscaras, além de doadas, também seriam vendidas, por um preço simbólico de R$ 4,00. Para obter mais material entraram em contato com sua rede de amigas, que começou a doar tecidos, retalhos e elásticos.
“Na verdade, algumas pessoas já nos procuravam querendo comprar as máscaras e vimos que seria uma boa oportunidade para contribuir com o espaço e, também, com a compra de mais material”, explicou Fortunata.
Aos poucos foram recebendo ajudas esporádicas de outras pessoas e viram que era possível ampliar a atuação. Hoje, elas não só ofertam as máscaras para a população de rua, carrinheiros e àqueles que vivem em situação de vulnerabilidade social, como oferecem como moeda de troca para aqueles que não têm condição de comprar.
“Convidamos essas pessoas para nos ajudar, por um curto período, na produção das máscaras ou pedimos que nos tragam material. Pode ser elástico de shorts ou de lingerie sem uso. Com isso, a produção não pára e vamos montando nossa rede solidária”, explica Rosa. Em pouco mais de duas semanas, a dupla já produziu mais de 1500 máscaras.
Elas também são responsáveis pela distribuição e conscientização da população. A meta é contribuir para que haja um menor número de pessoas contaminadas. Uma ida ao supermercado, por exemplo, vira uma aula de conscientização. “Se no caminho encontro pessoas sem a proteção adequada, paro e converso sobre a importância do uso da máscara e as oriento a adquirirem o produto na antiga sede da Ong”, diz a voluntária.
Quando nota que a pessoa não tem condição de comprar, já avisa que se ajudar a confeccionar, leva a sua de graça. O trabalho social não se limita à Praia Grande. As máscaras produzidas por esta dupla já chegaram, pelos Correios, à grande São Paulo, Campinas, Arujá e até Minas Gerais.
Rosa completa: “Estamos fazendo o que podemos e o que não podemos. Trabalhamos sem parar, inclusive aos domingos e nas noites de insônia. Quando me vi sem tecido, desmontei lençóis para fazer máscara. Fazemos tudo isso com muita satisfação, por estar participando e fazendo a diferença na vida de muita gente”.
O único entrave delas é a distribuição das máscaras, que é realizada apenas no local ou nas proximidades. As pessoas que quiserem comprar ou colaborar doando tecidos e elásticos devem ir até a antiga sede do projeto Formigueiro, que fica na Avenida Corretor Manoel Rodrigues Procópio do Vale, 63.
Rosa ainda explica que os elásticos que recebem podem também vir de roupas usadas, como shorts e peças íntimas. Já os tecidos têm que ser 100% algodão ou com grande percentual da fibra. Outras informações podem ser obtidas diretamente pelo telefone (13) 98859.2959.
A dupla também recebe encomenda ou tira dúvidas pelos WhatsApp, nos números (19) 97136.0595 e 31 98427.2334. No Facebook e no Instagram o trabalho solidário delas é encontrado pelo endereço @rosaefortunata.
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